Um estranho amor aos deuses do coração
Rev.
Sandro Mariano Viana
O cantor e compositor brasileiro Cazuza em
sua canção: “O Nosso Amor A Gente Inventa” na década de 1980, entoou sua poesia
numa balada romântica em que declarava sobre uma relação passageira, volátil e
superficial:
“O nosso
amor a gente inventa
Pra se
distrair
E quando
acaba a gente pensa
Que ele
nunca existiu”
Há pessoas que acreditam que estão em uma
relação real com Deus, porém este elo não existe. São sinceras em suas
intenções e são assíduos devotos da religião. Possuem relações religiosas
baseadas em pressupostos ou conhecimento que está estabelecido somente em um
dos lados dos interessados é uma via de mão única constituída pela perspectiva
do próprio fiel ou devoto.
O religioso passional fala, sente e percebe
em nome de Deus, não dialoga e possui extensos monólogos. Suas atitudes autoritárias
lhes confere o poder e sempre estão com razão.
Nessa relação passional religiosa tudo o que
se fala a respeito do outro, Deus, é conhecimento de quem diz amar e que de
fato nunca se interessou em conhecer o amado, Deus. Não existe um vínculo de
reciprocidade, pois essas pessoas estão dispostas somente em agir em uma única
direção, a de seus próprios interesses não possuem a capacidade de fato a ouvir
a voz de Deus.
É um relacionamento de bipolaridade emocional,
uma gangorra espiritual, uma montanha russa de êxtases, uma fé desequilibrada
que não socorre, não amadurece, só apequena, atemoriza e esquizofreniza o ser.
Este comportamento proposital e consciente acomoda desequilibrados espirituais
em atitudes inconsequentes e antiéticas. Alegam que são reféns de suas próprias
paixões e traz como marca principal em seu caráter a covardia. O orgulho lhes
impede de crescer e amadurecer por isso são inconstantes e ao menor sinal de
dificuldade ou discordância mudam de igreja ou denominação, são volúveis,
levianos, viciados em suas próprias vaidades, estão sempre em fuga da verdade.
É muito comum encontrar pessoas falando,
pregando sobre relacionamento com Deus, porém seu comportamento incoerente
demonstra claramente que estão em afronta aquilo que dizem. Sua fé não
conecta a vida real, é uma relação extravagante e de litígio ou de clara inexistência
de um vinculo intimo espiritual com Deus.
Os religiosos passionais são por demais
apaixonados por si mesmos (adoram os ídolos de seus corações) alegando amar a Deus,
visam somente a sua vaidosa exposição e buscam proveito financeiro, sexual,
favores e tudo aquilo que seu louco e doentio coração apaixonado puder cobiçar.
O que é mais preocupante é que a cultura
religiosa cristã contemporânea reafirma estas condutas patológicas,
retroalimentando-se através de músicas antropocêntricas entoadas em grandes e
histéricos cultos públicos. Publicação de livros de autoajuda religiosa em mensagens
que lançam as pessoas em seus vazios e abismos existenciais insensibilizando-os
pelo recrudescimento de um individualismo materialista que aumenta mais suas
angustias.
A libertação, que é uma garantia daquele que
crê no Evangelho, leva o cristão a uma vida de equilíbrio, amor, paz,
abnegação, simplicidade, humildade e serviço. Isto não significa que teremos
uma vida sem dificuldades, ao contrário, os obstáculos só aumentam, pois agora
descobrimos quem de fato é o nosso verdadeiro inimigo, nós mesmos! É através da
conversão que pelo poder do Espírito Santo que realmente tomamos consciência de
que precisamos ser tratados de nossa natureza egocêntrica que nos lança em
abissais desejos. A obediência cristã é o caminho de plena demonstração de fé
genuína quando insultamos as nossas paixões e desejos.
A fé passional ao contrário não exige esforço
age pelos instintos mais primitivos, é incompreensível, irracional, carnal, animal, tendenciosa,
emotiva, descontrolada, louca, ébria, desesperada e mística.
Amadurecer é a nossa missão de vida, pois
precisamos aprender sempre porque não nascemos plenos e o processo de
amadurecer infelizmente é por partes e não por completo. Somos maduros em
algumas questões e extremamente infantis em outras. A busca da vida não se
resume a rompante de mudanças alternadas, mas adquirir sabedoria de viver
através do amadurecimento como ser e como cristãos.
Muitos falam de um amor a Deus que nunca
existiu, pois testemunham de um amor por si mesmo.
“O fariseu, posto em pé, orava de si para
si mesmo” Lucas 18:11a

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