segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Só estava brincando professora…


Texto criado em seu contexto de época para o uso na disciplina de Ensino Religioso no Colégio Presbiteriano Simonton (Taguatinga-DF/2008) e Instituto Presbiteriano Educação de Brasília - IPEB (Guará II/2007). Tema: Violência na escola.
Para: 6º ao 9º anos. Sandro M. Viana.

Era sexta-feira, mal tinha dormido na noite anterior, acordei cedo, pulei da cama e fui direto para o meu guarda-roupa. Vesti minha melhor camisa e bermuda, calcei o meu novo tênis e coloquei o meu boné. Rapidamente tomei o café, beijei minha mãe, peguei a mochila com os livros e saí com meu skate. O dia estava iluminado, céu azul sem nuvens. O vento frio da manhã tocava meu rosto. Precisava chegar o mais rápido à escola. Em frente ao grande portão, o ônibus que iria nos levar ao zoológico já estava estacionado.
Os alunos iam chegando e aguardavam no pátio da escola. Estávamos muito ansiosos. Toda minha galera estaria lá. Logo na entrada encontrei o Fred e o Rafa, eles estavam muito animados. Percebi a agitação dos alunos aguardando o início da programação.
Fred cochichou no ouvido de Rafa:
- Vamos aprontar com o cabeção?
Rafa prontamente acenou com a cabeça concordando.
Fred passou ao lado de Tuco e gritou:
– Fala cabeça de nós todos!
Tuco olhou meio desconfiado e percebeu que era o Fred e disparou:
- E você, boca de caçapa!
Rafa para defender Fred, soltou:
- Cabeça de abóbora!
- Não se meta baleia orca - disse Tuco
No meio de tantas ofensas Fred xinga a mãe de Tuco.
Tuco ficou furioso e chamou os dois para a briga.
Imediatamente o pátio da escola, que era uma festa, se tornou em uma arena de guerra. Logo, se formou um grande círculo. Todos os alunos que estavam ao redor imediatamente começaram a gritar: Briga! Briga! Briga! No meio do círculo estavam Fred, Rafa e Tuco. Os três eram meus melhores amigos. Desde o Jardim I dividíamos o lanche, jogávamos bola, brincávamos de pique-esconde, todo fim de ano participávamos de amigo secreto, aniversários, acampamentos da igreja e agora estava para começar uma briga feia no meio do pátio. O que aconteceu? Meus melhores amigos estavam no meio de uma grande confusão.
Tuco com a mão fechada levantou o braço para socar Fred. Rafa correu por trás de Tuco para tentar agarrar os seus braços. A confusão era grande e todos os alunos cada vez mais gritavam. Meu coração parecia que ia sair pela boca, eu não conseguia respirar direito. Não podia deixar meus melhores amigos se machucarem. Rapidamente, chamei “seu” Pedro, professor de matemática e ele entrou no meio daquela confusão para tentar acabar com a briga. Na correria, o professor tropeçou e caiu em cima do seu braço esquerdo. Junto com o tombo todos os alunos calaram-se com a triste cena no pátio.
A diretora, e os professores viram o professor Pedro estirado no chão, sentido fortes dores, sem poder se levantar. Imediatamente chamaram o resgate do Corpo de Bombeiros. O barulho da sirene da ambulância soou tão alto ocupando o silencio deixado pelos alunos. Agora na porta da escola também havia estacionada uma ambulância ao lado do ônibus. Os bombeiros retiraram o professor em uma maca.
Na sala da orientação pedagógica, a diretora junto com as coordenadoras perguntou quem tinha começado toda aquela confusão? Os três ficaram em silêncio. Novamente, a diretora perguntou quais eram os motivos daquela confusão toda? Os alunos responderam: “só estávamos brincando professora!”.
Naquele dia o passeio ao zoológico foi cancelado e a grande notícia da escola foi a internação do professor que passou o dia no hospital.

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